domingo, 26 de setembro de 2010

Amsterdam

Amsterdam é uma cidade muito peculiar. A primeira impressão é de uma cidade um tanto quanto "Busy". Não achei uma expressão em português tão boa para descrever, busy traduzindo-se literalmente significa ocupada, mas acho que quero dizer que é um tanto quanto agitada. Ao mesmo tempo que tem um ar rústico, de cidade pacata, com seus lindos canais e barquinhos atravessando-os, é uma cidade onde parece que tudo acontece.
Para começar, as ruas principais são dividas nos espaços para passar os carros, nos trilhos do tram, nas ciclovias, nos canais onde passam barcos, e nos locais para os ônibus.

Trilhos do tram à esquerda, calçada para pedrestres no meio, estrada para carros adiante, ciclovia à direita, barcos nos canais e ônibus do outro lado.

As construções são bem estreitas e grudadas umas nas outras. Dá a sensação de aproveitamento de espaço. Geralmente são no estilo antigo, e diga-se de passagem, as casas e estabelecimentos são muito bonitos. Não há prédios grandes, geralmente se vê no máximo de 4 andares.

Prédios pequenos e grudados

Um dos pontos interessantes é que a cidade parece não dormir. Pelo menos nos fins de semanas (que é quando eu visitei Amsterdam) é possível encontrar algumas lojas fechando só às 2 da manhã, e há um grande movimento nas ruas em qualquer horário da madrugada. Lá pelas 5 horas, as pessoas parecem começar a irem para suas casas, mas outras já começam a acordar para suas rotinas diárias. Ou seja, a vida noturna é bastante badalada, e com muitas opções por toda a cidade.

Leidsplein

Amsterdam Centraal
Na cidade há vários cafés. Geralmente são pequenos, mas bem ajeitados. Há algumas ruas que possuem vários em sequência, e você pode sair de um e entrar no outro caso algum em específico não te agrade.

Reimbrantsplein
A cidade é quase que metade ocupada por estrangeiros. É uma cidade bastante internacional. Nas ruas é difícil dizer um tipo de pessoa típica de lá, já que se encontra várias etnias por lá. Também se escuta diversas línguas por onde se passa. Já vimos vários brasileiros andando por lá. Enfim, é realmente uma cidade muito interessante pela diversidade cultural.
A respeito da fama de liberal que a cidade tem, pelo menos eu percebi que maior parte dessa fama toda é feita pelos estrangeiros, e não pelos próprios holandeses. Por algumas experiências que tive percebi que as pessoas holandesas mesmo são mais conservadoras. E mesmo assim, nem tudo é como as pessoas pensam. Para começar, não é permitido fumar maconha em qualquer lugar. Algumas pessoas fazem isso, mas isso é como fazem em qualquer lugar do mundo, mas não é legalizado por aqui também. O que é legalizado é fumar nos coffee shops, tipo bares específicos para isso, onde tem até cardápio com os diferentes tipos e sabores de maconha que você pode escolher. Geralmente não é muito barato, e você só pode consumir até 5 gramas.
Sobre a famosa Red Light Street, é realmente muito interessante conferir. Há várias garotas nas vitrines nas mais diversas situações. Chamo a atenção para três que foram bem inusitadas. Uma estava falando no celular e enrolando o cabelo, sentada na cadeira, e com as pernas pra cima, sobre a mesa. Outra estava lavando louças, e fez cara de sexy pra gente enquanto lavava. Uma outra já foi abrindo a porta (eletrônica) pra gente com um botão para que entrássemos. 
No geral prefiro Leiden para morar pela tranquilidade e pela maior beleza da cidade (na minha opinião). Mas Amsterdam é realmente uma cidade incrível, e muito boa para passear e passar algumas noites a fora (ou a dentro). É realmente uma cidade peculiar e indispensável para quem vem conhecer a Europa.

I amsterdam

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Os primeiros dias em Leiden

Logo cedo peguei o tram para a estação de Amsterdam e depois o trem pra Leiden. Minhas mãos já estavam quase dando calo de tanto carregar as malas. Não via a hora de entrar no meu quarto logo. Cheguei no visitor center, assinei umas papeladas, e enfim peguei a chave \o/
Peguei um ônibus para casa. Aqui, ao contrário da onde eu vim, os ônibus são muito organizados, pontuais e tranquilos de andar. Só são um pouco caros. Transporte em geral aqui é bem carinho, especialmente trens e trams.
Quando cheguei nem acreditei. O lugar que eu ia morar nunca me pareceu tão bonito. Aqui é um grande complexo de estudantes com 16 blocos, cada um com 8 casas, e cada casa com 4 quartos. Ou seja, mais de 500 estudantes, e grande parte deles internacionais. Pra falar a verdade, não gosto muito daqui, ainda mais por ser meio longe, mas naquela ocasião, com o cansaço que eu estava, pareceu que era o melhor lugar do mundo.

Redondezas de onde eu moro - lugar bem tranquilo - ponto de ônibus


Quando cheguei, comecei a arrumar  minhas coisas e uma das minhas colegas de casa bateu na minha porta. Se apresentou pra mim e me deu as boas vindas, ela é chinesa, e muito simpática. Me chamou pra almoçar, comida chinesa heheh Tava bom até. ^^
Tinha também meu outro colega, da Bulgária, que apareceu um pouco depois comendo batatas. Dou ênfase nas batatas porque até agora, em quase um mês, não vi ele comer outra coisa. No outro quarto ainda não tinha ninguém, a pessoa ia chegar depois.
Agradeci pelo almoço e fui terminar de arrumar minhas coisas. Depois de me instalar fui dar uma volta pelo centro da cidade. Conhecer as coisas, comprar algumas, e respirar o ar da cidade. Tirei os três primeiros dias para isso. 
O primeiro susto que levei foi ver coisas em holandês para tudo quanto é lado. Em amsterdam é um pouco diferente, muitas coisas na rua têm tradução em inglês também, mas aqui não é tão assim. O mais engraçado é que você ouve todo mundo falando holandês, mas se você chega e fala "Hello" ou "Excuse me" tudo se transforma, como uma tecla SAP, e de repente a pessoa começa a falar um inglês fluente com você. E o mais incrível é que quase que 100% das pessoas são assim. Com o tempo fui descobrindo algumas exceções, mas no geral, as pessoas falam inglês muito bem, pelo menos bem melhor do que eu falo.
Ainda não sei direito como isso acontece, mas aqui na holanda muitas pessoas falam três ou mais línguas. Pelo que tenho visto, as pessoas aprendem na escola mesmo. Por tudo que eu já ouvi, acho que posso falar que o sistema educacional aqui é muito bom, o que não é novidade.
Ir no supermercado foi o mais engraçado. Tudo em holandês. Eu tinha que virar pra pessoa que estivesse do lado e perguntar o que era aquilo, e a pessoa me explicava. Foi engraçado uma vez que uma tentou me explicar qual era o sabor do macarrão instantâneo. Confesso que até agora não sei, mas até que era gostoso. Teve uma também que eu pedi pra me explicar o tipo do shampoo. Outra coisa que achei bom, é que as coisas no supermercado não são tão caras quanto a maioria das coisas por aqui. Consegui comprar macarrão e extrato de tomate, 6 caixinhas de "Toddynho" (heheh), 1 pacote de biscoitos, 10 caixinhas de suco de maçã, um shampoo e doze rolos de papel higiênico por 7 euros. Depois, ainda acabei descobrindo que eu tinha ido era num dos mais caros supermercados.
Nesses primeiros dias, vi o quanto que, apesar de tudo estar sendo lindo, seria também difícil de me adaptar. Hoje acho que não foi tão difícil assim, mas o ruim é que aqui eu vou ser sempre estrangeiro, só de chegar falando inglês todos já sabem que você não é daqui, e nem que eu estude holandês o ano inteiro vou saber falar bem em um ano.
Uma coisa que me chamou a atenção também, foi ver uma diversidade grande de pessoas. É claro que a maioria são brancos, grandes, loiros e olhos azuis, mas há muitas pessoas de vários tipos e de vários lugares diferentes. 
Acho que já nesses dias comecei a me apaixonar pela cidade. O clima me agradava muito, e a cidade é um charme. Naquele momento parecia ser muito gostosa de se viver, o que só veio a se confirmar mais tarde.

Moinho próximo à estação central

domingo, 19 de setembro de 2010

O primeiro e inusitado dia

..Nada tinha dado errado até então..
até que eu chego em Leiden, já meio cansado de carregar tanta coisa, mas mesmo assim achando tudo lindo e emocionante..e o Visitor Center, local no qual eu pegaria as chaves da minha nova morada, já estava fechado,,
que ótimo..a possibilidade já era meio que prevista, mas eu estava preferindo não pensar nisso até então..
Comprei um cartão telefônico por 5 euros (meu deus oO) e liguei para os brasileiros que eu conhecia e nada de alguém atender. Procurei um hotel..75 euros o mais barato.. (PQP) já estava quase em luto pelos meus euros quando resolvi ligar de novo e consegui falar com um conterrâneo..que por sinal estava mais ou menos numa situação parecida com a minha..
Nos encontramos e a pessoa também estava de mala e cuia..indo para a casa de um amigo em Amsterdam que conhecera através do CouchSurfing (uma rede social com fins de hospedar e ser hospedado por pessoas ao redor do mundo). Disse que ele era muito legal e poderia tentar ver se eu podia ir também. Qualquer coisa, tínhamos 4 rins..
Para ele, era de boa eu ir, e depois de enrolarmos um bocado, fomos lá "surfar no sofá" do cara. Pegamos o trem para amsterdam, que por sinal, fica a menos de meia hora de Leiden. Chegando lá, pegamos um tram (uma espécie de trem, só que menor e que anda no meio da cidade). Descemos em VictoriePlein e ele estava nos esperando lá.
Confesso que até hoje ainda estou meio espantado com a existência de uma pessoa como ele. Se mostrou extremamente solícito, mesmo comigo, que ele nunca nem tinha ouvido falar. Me deixou bastante a vontade, além de ter feito um ótimo jantar, conversado bastante com agente e dado várias dicas e informações sobre a Holanda. O Couchsurfing realmente me surpreendeu, e mais surpreso ainda eu fiquei de ver que ainda existiam pessoas assim no mundo.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A viagem

No vôo até São Paulo nada a declarar. Em são Paulo, uma fila imensa para embarcar e eu quase que fico pelado para passar pelo detector de metais. Conversei com uma brasileira que morava na itália. Foi interessante, e tive algumas dicas sobre como algumas coisas funcionavam na europa. No avião, foi interessante observar a diversidade de pessoas. O avião era imenso, e haviam pessoas falando diferentes línguas.  Do meu lado tinha uma alemã que falava português e na minha frente pude identificar o português de portugal. A viagem passou até rápido, dormi quase ela toda, e tinham muitas coisas pra fazer no avião, deu até para assistir um filme e metade de outro. Foram 11 horas e 20min de vôo.
No aeroporto de Frankfurt foi interessante começar a usar o inglês para me comunicar. Minha primeira impressão dos alemães é que eram todos uns grossos. Pelo menos os do aeroporto eram. Esperando o próximo vôo, sentou um português do meu lado que chamava Manoel. Achei engraçado ele chamar assim, é o cúmulo do clichê, parece até piada.
voo para Holanda sem muitas emoções, exceto pela vista na chegada. A vista da holanda de cima é bem bonita. Além disso, distribuiram jornais dentro do avião..em HOLANDÊS.. oO deu até medo. Nunca vi tantas consoantes juntas.
Chegando em Shiphol (aeroporto de Amsterdam), comprei um ticket para Leiden por 5,70 euros. Estava nitidamente um estrangeiro, carregando uma mala enorme, um notebook e uma mochila, com cara de "Onde estou? Para onde vou?" e arranhando um inglês que nem era a língua local. No aeroporto todos que eu pedi informação falaram inglês fluente e a pessoa no trem que eu pedi informação também, além de me dar algumas dicas. Ela foi bem solícita, causou uma boa impressão dos holandeses em mim. Disse que já tinha viajado para fora, e sabia como era difícil. =D
O caminho do trem para Leiden era simplesmente lindo, e o clima estava muito agradável. Me senti muito bem de enfim estar ali, sem nada ter dado errado..até então.

Vista de cima da Holanda

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sobre a Partida

Meus últimos dias no Brasil antes de viajar foram marcados por um rebuliço de sentimentos. Tive dias um tanto quanto conturbados, pela quantidade de coisas que faltavam para resolver, como comprar coisas e resolver algumas questões burocráticas. Infelizmente, não pude estar tanto com pessoas que eu gostava em função disso. Em todo caso, tive momentos muito agradáveis com muitas pessoas, que inclusive me ajudaram em muito do que eu tinha que fazer. Da mesma forma, tive momentos de me sentir um tanto quanto perdido. Mas no geral, fiquei muito ansioso com tudo.
A festa de despedida coletiva, para mim, foi excelente. Coletiva porque éramos 6 da psicologia indo fazer intercâmbio. Me diverti muito e contei com a presença de pessoas muito especiais, as quais gosto muito. Foi praticamente o dia todo em festa, com muita dança, comida e bebedeiras, que se estendeu para a noite com direito à voltas pelo centro, pela praça cívica, pizza em casa, e novidades sobre o meu futuro (hahaha, deixo para vocês pensarem).
Nos últimos dias, ganhei alguns presentes do meu pai que me são extremamente úteis aqui, assim como presentes muito legais de pessoinhas muito especiais, e que até me emocionaram.
No dia do aeroporto, a ansiedade estava a mil. Contei com a presença de uns bons amigos e familiares, assim como mais alguns presentes que também me emocionaram. Me emocionei mais do que esperava, e vi o quanto carreguei dali muita saudade e o quanto deixo muito de mim por lá e trago sentimentos em meu bagageiro.
Grato a todos pelo ótimo dia que tive na festa de despedida e pela calorosa despedida no aeroporto.
Ao mesmo tempo vi o quanto que, apesar de tudo, estava feliz, e de como estava ansioso pelas novas experiências e disposto a encarar os novos desafios.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Apresentação

Olá!
Estava ensaiando para fazer este blog a algum tempo. Gostaria de ter feito isso antes, enquanto ainda estava no Brasil, assim como me sugeriram, mas enrolei até que em fim está pronto. Até hoje não havia manifestado desejo de ter um blog, mesmo nos dias que seguiram a viagem para a Holanda. Hoje vejo que um blog pode ser uma forma prática de me comunicar com alguns brasileiros os quais têm interesse em saber o que tem acontecido comigo, relatar os acontecimentos, expressar emoções (em português), sem diretamente falar especificamente para alguém, já que tenho tido dificuldades de manter contato com o pessoal em função da diferença de fuso horário ou mesmo por questões de dificuldade de acesso de alguns amigos e familiares. É também uma forma de eu me sentir mais próximo de algumas pessoas que gosto e que sei que possivelmente acompanharão minha trajetória. Outro motivo é como uma forma de lembranças para mim mesmo. acredito que vai ser muito divertido ler o que eu postar aqui daqui a um ano. Além disso, esse blog pode ajudar, de alguma forma, algum brasileiro que queira se aventurar numa experiência de intercâmbio para outro país, em especial o país em que me encontro, assim como tem me ajudado ler alguns blogs de pessoas que já viveram ou viajaram pela europa para me informar sobre como algumas coisas funcionam por aqui.
Gostaria de ter feito o blog antes, já que estou na Holanda a pouco mais de duas semanas, e muita coisa já aconteceu até então. Apesar disso, vou tentando postar de forma resumida um pouco do que já vivi aqui. 
Escolhi o nome do blog pensando em um espaço onde poderei arquivar relatos que posteriormente me servirão de lembrança ou a outras pessoas. Quando penso em um bagageiro, penso não só no sentido de um lugar para colocar malas e bagagens (o que também veio a calhar por se tratar de um blog de um viajante), mas também pensando num bagageiro enquanto um lugar onde se acumulam lembranças, momentos, histórias, alegrias, dores, angústias, pessoas, culturas, conhecimentos. Fico a pensar como se torna pequeno nosso bagageiro diante de tantas experiências que o mundo é capaz de nos propiciar. Ao mesmo tempo penso como é grande a capacidade que temos de armazenar tantas lembranças e emoções, e de como vamos aprendendo a manejar o nosso bagageiro de forma que possamos suportar a carga. Muitas vezes temos que selecionar o que queremos que continue na viagem, o que muitas vezes é extremamente difícil, deixando para trás elementos os quais nos pesam por demais ou simplesmente não nos cabem mais, abrindo espaço para novas experiências as quais farão, junto ao bagageiro, parte de nossa trajetória.